domingo, 13 de março de 2011

Dicas de Lisboa

Olá, a cidade que o destino escolheu para que fosse a minha casa é linda e encanta. Vestidas de preto e terço na mão, as viúvas ainda passam os dias a lamentar a vida nas janelas das casas da Alfama e os fadistas continuam cantando letras tristes nas tascas (botecos) lisboetas. Mas basta olhar para as calçadas cheias de bares ou para o vaivém de mochileiros, que agora encontram em Lisboa os melhores hostels boutiques da Europa, para perceber que a tão famosa melancolia da capital portuguesa está indo embora. Com o entusiasmo de seus jovens frequentadores, Lisboa ficou mais alegre — e está na moda. Para conhecer essa nova faceta da cidade, não podem faltar o esquenta nas ruelas do Bairro Alto(agito gay), a madrugada nas Docas de Santa Apolônia e compras descoladas no Bairro de Santos. E também não vale deixar a tradição de lado: a boa e velha culinária portuguesa continua a mesma. Ainda bem.
Carol da Riva
As ruelas do Bairro Alto lotam de quinta a domingo, com grande destaque para a "panasquina"...  :)
Editora Globo
Os objetos divertidos da loja Mood by Gueso Marques
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O tradicional Pastel de Belém
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O bar Maria Caxuxa, no Bairro Alto
BAIRRO ALTOVocê vai ver muitos turistas por aqui, gente descolada, artistas, intelectuais, designers, bibas louquissimas, bêbados e malucos — sempre há um endereço para eles. De quinta a sábado, as pequenas vielas chegam até a ficar intransitáveis. Para lá vão os que querem juntar boa música, gente bonita e um lugarzinho para apoiar o copo. Esse equilíbrio tem toda a chance de ser encontrado em endereços como o Maria Caxuxa, o Frágil e o Café Suave, os preferidos dos locais. Todos ficam no térreo de prédios antigos, são pequeninos e têm o pé-direito baixo. A programação das casas fica por conta dos DJs, que em suas pick-ups variam a trilha com músicas que vão desde clássicos dos anos 70 até eletrônico. Como são apertados, a maioria dos frequentadores acaba indo conversar do lado de fora dos bares, o que faz com que boa parte da balada aconteça ao ar livre.
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O lounge do hotel Fontana Park
Por aqui também estão ótimos restaurantes típicos, como o Farta Brutus, o preferido do escritor José Saramago em Lisboa. No comecinho da Travessa da Espera, uma das principais vias que levam ao alto do Bairro Alto, fica por trás de uma portinha que dá acesso ao seu pequeno salão, onde as mesas são bem próximas umas das outras.  O cardápio, enxuto, traz pratos tradicionalíssimos, como arroz de pato ou bacalhau com natas. Reserve um tantinho do apetite para as sobremesas — de tão boas, são famosas entre os lisboetas. Elas são levadas até a mesa num carrinho, em que há vários tipos de doces portugueses. Você paga um preço fixo pela sobremesa e pode (e deve!) provar vários deles.
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Detalhe da decoração do restaurante Bica do Sapato
SANTA APOLÔNIAOs bares em Lisboa não podem ir muito além das duas da madrugada, o que parece bem cedo para a moçada mais animada do Bairro Alto. Por isso, quem ainda está atrás de uma boa balada acaba migrando para a região das antigas docas de Santo Apolônia, onde está a Lux, a boate mais famosa da cidade. Construída à beira do Tejo, numa zona industrial, é na Lux que tocam a maioria das bandas e dos DJs internacionais quando vão a Lisboa. “É o melhor lugar para dançar”, diz a publicitária e empresária portuguesa Lara Branco, dona do Yasmin, um restaurante badalado em Santos. “Durante a semana o público tem cerca de 30 anos. Nos finais de semana, a clientela é mais nova.” Não é preciso ter muita pressa para chegar à boate. “Só fica boa mesmo depois das quatro”, diz José Miranda, um dos proprietários.
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Exposição no novo Museu de Moda e Design
                             


Nas antigas docas também    há lojas de design, bares e restaurantes, todos um ao lado do outro. Entre eles fica o Bica do Sapato, restaurante com ambientes decorados ao estilo retrô e cozinha de onde saem pratos moderninhos, como o delicioso tempurá de bacalhau. O lugar também atrai muita gente que está ali só para badalar. Boa parte do hype se deve ao fato de o endereço ter entre os sócios o ator americano John Malkovich. Quando rodou um filme do diretor Manoel de Oliveira na cidade, ele se apaixonou pelo restô e entrou na sociedade. Pena que ele só aparece por lá de vez em quando...
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Os sabonetes vintage da loja A Vida Portuguesa
BAIRRO DE SANTOSComo toda cidade descolada, Lisboa também tenta se destacar como polo criativo. No início da década, a associação de comerciantes do bairro de Santos criou um movimento para atrair para lá as lojas de design da cidade. A Paris Sete foi uma das primeiras a se instalar no Largo de Santos. Hoje, Armani CasaLigne Roset também estão no bairro. Embora já tenha um certo número de lojas reunidas (doze no total), o design local é quase inexpressivo, diz Álvaro Ramos, da Paris Sete. “Temos pouquíssimas peças de design português.” A exceção fica com a bem-humorada Mood, inaugurada do fim do ano passado. Eclética, vende desde acessórios para cachorros até produtos tradicionais do país, como sabonetes e chocolates vintage. É uma espécie de feira moderna, que reúne ainda peças de arte, roupas, champanhe e até vibradores e chicotinhos. Outro ponto alto são os restaurantes. Só na rua da Moeda são três: SommerLa Moneda e Yasmin. Este último mistura receitas mediterrâneas, portuguesas e orientais, o que resulta em pratos como o delicioso mil folhas de bacalhau com shitake. Superbadalados, é importante fazer reserva.
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Melhor parada: Quarto do Bairro Alto Hotel
CHIADO Com cara de antiguinho, o Chiado foi quase todo reconstruído após o terremoto de 1755. Além de ter restaurantes e cafés gostosos, é ótimo entrar e sair das muitas lojinhas espalhadas por suas ruas. Para trazer uma lembrança descolada para os queridos, vale visitar A Vida Portuguesa. Em suas estantes há produtos como sabonetes, azeites, vinhos, queijos, brinquedos de madeira e até um lindo altar de Santo Antônio — o santo casamenteiro festejado em Portugal. Tudo pintado ou embalado como se fazia no início do século 20. Um dos mais novos spots da vida cultural lisboeta também está aqui. Inaugurado em maio de 2009, o Museu de Moda e Design (MUDE) tem objetos de design que ficam expostos junto a peças de alta costura do século 20, como vestidos de Hubert Givenchy e casacos de Yves Saint Laurent.
Bairro Alto Hotel, apesar do nome, está na divisa com o Chiado. Único cinco estrelas do bairro, tem serviço impecável, decoração retrô (o estilo definitivamente está na moda em Lisboa) e ótima localização: mesmo depois de muitos drinques, é fácil voltar a pé dos bares do Bairro Alto. Quem quiser pode também começar a noite por aqui: o bar que fica no subsolo está quase sempre cheio.
ALFAMA
Um dos bairros mais antigos da cidade, aqui você entende de onde vem boa parte da identidade lisboeta: foi nas casas de prostituição da região que nasceu o fado. Até mesmo por aqui, no entanto, a vida anda diferente, mais leve. Assim como no Brasil as rodas de samba agora atraem novos talentos (e com eles um novo público), as tascas também começaram a atrair gente mais jovem. Elas vão a lugares como o Clube do Fado, onde o show pode ser acompanhado de caldo verde e vinho da casa — boa parte dos restaurantes serve um vinho de produção própria, geralmente muito bons. Esse mesmo pessoal costuma também recomendar as casas de fado vadio, onde qualquer cliente pode se candidatar a cantar uma música triste e tocar guitarra portuguesa. As letras podem até ser pesarosas, mas o programa é muito divertido.
Beijos da Alex:)

3 comentários:

Barbara disse...

Seguirei todas as dicas quando for em Lisboa

Paulo disse...

Muito bom! Boas dicas

Anônimo disse...

Lisboa é uma cidade linda. Gostaria muito de voltar um dia... quem sabe!
Beijos do Recife